domingo, 30 de outubro de 2011

Só Palavras

Descobri na minha existência um paradoxo imperfeito.
O poder de controlar a palavra fornece o domínio sobre todas as pessoas.
E mesmo este parecendo o maior dom do Universo, ele se torna inútil diante dos meus olhos. Pois até conhecendo todas as linguagens, não consigo esboçar uma vaga idéia do que eu sinto.
É exatamente nesse instante que eu percebo que o mais grandioso poder é limitado, quando comparado às singulares batidas do meu coração.
E não foram realmente as palavras que me conquistaram.
Foram os doces gestos, a voz suave, os beijos intensos e os toques tímidos.
Foi o tênue ruborizar das maçãs de seu rosto que fez com que todas as palavras já proferidas fossem substituídas por um simplório suspiro apaixonado.

domingo, 16 de outubro de 2011

Quero o Seu Abraço



Não estou triste, nem com ciúmes, nem com problemas. Não estou com dor e não acho que você está distante.
Mas ultimamente estou com uma saudade de você...
Te vejo sempre, te tenho ao meu lado.
Seus olhos,
seu sorriso,
seu toque...
Me abraça de novo?
Transmite um pouco desse carinho, com o seu rosto tão perto do meu, com aquele cheiro que é só seu e sua voz sussurrando as coisas certas; palavras que encantam ao passar pelos seus lábios.
Me empresta um beijo?
Eu prometo que depois te devolvo...
Faça eu fechar os olhos e esquecer do mundo, sentir apenas a sua respiração se confundindo com a minha.
Me abraça mais uma vez?
Me fazendo acreditar que sou só sua, que por um momento você pode ser só meu, deixe eu me abandonar nos seus braços...
Quero acreditar que isso é real, não quero que acabe.
Eu não estou triste...
...mas preciso que você me abrace.

Fica...



Fica mais um tempo
Não vai embora
Você se deita e eu me sento
Vamos ver a chuva lá fora

Fica mais um pouco
Me dá aquele olhar
Leia um texto louco
Que diz que vou te amar

Fica aqui comigo
Me abraça mais uma vez
Deixa eu ficar contigo
Mais tempo que da última vez

Fica junto de mim
Canta outra canção
Faça essa tarde não ter fim
Fica aqui, meu coração.

Sou o Tédio

Felizes são aqueles que sentem todas as coisas com profunda intensidade. São as chamadas "pessoas sensíveis", capazes de viver uma sensação como se afiada lança tivesse lhes atravessado o peito.
Felizes são aqueles que possuem alegria, que emanam felicidade só de olhar para o brilho da lua.
Felizes são aqueles que sentem raiva do "sistema", raiva do mundo, sem nem mesmo saber o por que.
Felizes são aqueles que sentem saudade, vergonha, amor, dor...
Sim, felizes são aqueles que, por não aguentarem a dor no seu espírito desistiram de continuar a existir.
Estes sim são felizes.
Porque ao menos estes sentiram alguma coisa.
Não sinto nada.
Não penso em nada.
Poeta sem idéias é como artista sem inspiração:
inútil.
impotente.
Não consigo esboçar um sorriso, nem verter lágrimas, nem sentir raiva por não sentir nada.
Finalmente descobri o sentido da minha insignificância e não suporto mais a minha presença aqui.
Felizes aqueles que...
...não me encontraram e não me notaram.
Inveja dos que já me esqueceram.
Pudera eu me esquecer também.

sábado, 11 de junho de 2011

Desisto

Queria encontrar a essência da vida enquanto estivesse ainda na plenitude da existência. Para então, quem sabe, compreender o significado do significante.
E talvez, com sorte, ainda conseguisse transcrever, em plenas faculdades mentais, o que uma vez sonhou a mente insana que deita e descansa no âmago da loucura.
Como eu gostaria de poder dizer o que foi visto por um par de olhos trêmulos e embriagados!
Racionalmente desenhar a abstração, com detalhes dos traços incertos que conduzem a história de um sonhador.
Num romance de Zola, numa epopéia de Homero, num soneto de Camões... Sim, neles é possível observar claramente as marcas de uma inspiração angelical.
E neste pobre texto, sem autor nem esperança, encontram-se apenas as cicatrizes de fúteis tentativas de alcançar a palavra.
E poderia até ser inexistente esse conjunto de idéias, mas ainda está marcado pelas cicatrizes.
Assim como a dor nos lembra que estamos vivos, a marca deixada por ela nos faz lembrar que somos reais, que aquele momento escondido na memória foi real.
Não se pode almejar ser grande, quando o que se espera de si mesmo é pequeno.
Não é necessário impor limites nos desejos. Eles foram criados para serem infinitos, sem causa, sem começo.
E loucos são aqueles que acreditam ser possível alcançá-los.
Afinal, aqui estou eu, procurando uma maneira de manter a minha "doença psicológica" enquanto tantos outros, desesperadamente, procuram por uma saída.
Sim, sou louca!
Para quê ser pensante e científico, quando a felicidade se encontra no campo do irracional?
Não quero ser mais um "cadáver adiado" que perambula pelos subúrbios das entranhas do mundo.
Não quero ter consciência do meu futuro.
Não, prefiro vagar sem destino, respirando o aroma da liberdade que essa loucura oferece.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sede de Palavras



A folha de papel está vazia
Me pede um verso, um rabisco, uma canção
Mas como posso escrever a poesia
Se me falta a palavra e a inspiração?

O pedaço de papel rasgado
Implora por um esboço, uma nota qualquer
Um poema, assim, inacabado
Um pensamento que de repente vier

A caneta, ansiosa, espera
Espera cada vez mais impaciente
Enquanto o papel se desespera
Para absorver a tinta ardente

A mão trêmula, obediente
Está ligada ao cérebro, como se fossem um só
Transcrevendo o que vem à mente
No momento em que o fogo virou pó

Mas não surgem idéias
A criatividade abandonou a imaginação
Fundiram-se as Odisséias
Que Homero contou numa canção

Mas por onde andaram
As notas que eu ia cantar?
Por onde passaram
Antes de se afogarem no mar?

Me abandonaram os versos
Já não querem mais voltar
Vagaram por outros Universos
Ajudaram estrelas a brilhar

Mas a folha de papel ainda está vazia
Me pedindo palavras que eu não posso dar
Como posso escrever a poesia
Se não tenho mais voz para cantar?

Old Song



Through your eyes I can see the world
Through your soul I can find the words
For my poetry
You're my most beautiful dream
And when you smile my heart beats
So strong I can't breath
And when you kiss me
My life becomes a fairytale
All stars whisper and tell
The end of the story
My dreams, they all come true...
...when I see you
But there must to be a mistake
I can't believe you aren't fake...
'Cause my life now
Is so much better than fiction
I can't understand how
You've become my new addiction
You make my life become a fairytale
All stars whisper and tell
The end of the story
My dreams, they all come true...
...when I kiss you
It's a dream
This cannot be real
I can't describe what I feel
You come out from my dreams
You're my angel without wings
My wishes they all come true...
...when I dream with you

domingo, 29 de maio de 2011

Na Busca de Uma Inspiração

As inspirações que fecundavam as idéias na minha mente se foram.
Os textos que antes nasciam facilmente, agora morrem antes mesmo de se formar.
Os versos que corriam para as pontas dos dedos com êxtase, coagularam no âmago do meu coração.
A criatividade me abandonou em meio as trevas fundamentadas no tédio.
E eu ainda espero, com vis espectativas, que você me encontre de novo, para me trazer o néctar de luz.
Sim...
No silêncio ainda aguardo o meu anjo de inspiração.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Antes de Adormecer

Numa tarde de outono, perto de árvores com folhas alaranjadas, luto contra a vontade de te ligar.
Num cenário místico, no qual o sol se esconde entre as nuvens, fecho os olhos e vejo o seu sorriso.
Em meio a devaneios te procuro e te encontro, na minha frente a sorrir.
Mas quando tento te alcançar, sua imagem vira fumaça branca, evaporando na insanidade da minha imaginação.
E eu não quero, não posso te ligar.
Essa dependência não deveria acontecer, isso não está certo.
Mas eu preciso de um pedaço de você...
Não é saudade, não é melancolia, não é nostalgia... O que é isso?
De onde apareceu essa vontade louca de te encontrar?
Não posso mais suportar, todos os meus sentidos te chamam, está crescendo dentro de mim, preciso te ver.

E quando eu te ligar e ouvir sua voz do outro lado da linha, vou me envolver toda em delírio, sua voz grave, alegre, profunda, é o melhor som do mundo, é o que acalma as inquietações da minha mente.

Mesmo depois que você desligar, não sentirei mais tanta falta, sua voz ecoa nos labirintos do meu espírito e continua confortando o meu coração até eu adormecer...

E começo a sonhar com você.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Poente

Ainda não consegui encontrar
algo mais lindo que o poente
O reflexo da luz no mar
que todo mundo pensa que entende

Mas como é possível compreender
algo tão natural e tão belo?
Não entendo que quando olho pra você
consigo ver o mesmo brilho singelo

E é incrível como ninguém se importa
ninguém pára para olhar o que acontece todo dia
Todos saem apressados, mal trancam a porta
chegam cansados e esquecem coisas que eu não sabia

Ninguém liga para o poente
Ninguém se preocupa com o que está lá sempre
E nem mesmo você liga pra gente
Porque estamos juntos sempre

Mas será que se as pessoas parassem
e olhassem para o brilho na escuridão...
Será que se elas procurassem
nos encontrariam no meio da multidão?

Será que elas perceberiam
que também estão perdidas?
Será que elas conseguiriam
encontrar as luzes falidas?

E será que acabariam
com a Guerra e com o Terror?
Será que sentiriam
o que eu conheço como "Amor"?

Eu nunca vi algo tão belo
quanto o sol poente
E vejo o mesmo brilho singelo
quando penso na gente

O Mundo nos Teus Olhos

E os seus olhos me seguem de novo
Na escura noite de primavera
Na floresta até então coberta
Pela negra penumbra que apaga o fogo

E os seus olhos correm soltos
Na floresta esquecida pela eternidade
No lugar afastado da sociedade
Em que escrevo versos loucos

E o brilho dos seus olhos é como o luar
Um feixe de luz que ilumina o caminho
Indicando a estrada em que ando sozinho
Que me afasta da dor e me ensina a amar

São teus olhos que me trazem
A felicidade por eles tão procurada
Aquela felicidade por mim encontrada
Nos teus olhos adormecidos na margem

De um mar de rosas
Onde deitam as paixões
De onde nascem os botões
Das flores que são só nossas

terça-feira, 3 de maio de 2011

Conto de Fada

Faça de conta que a Terra é colorida
Pelos lápis de cor da Faber Castel
Faça de conta que a burguesia foi vendida
E que bebidas alcóolicas viraram mel

Faça de conta que a poluição foi substituída
Por nuvens altas e brancas
Faça de conta quea a Guerra foi vencida
Pela amizade e paz, irmãs santas

Faça de conta que não há mais ambição
Que os governantes viraram sapos
Esperando um beijo quebrar a maldição
Que estilhaça o mal em mil pedaços

Faça de conta que todas as crianças
Têm uma mãe para abraçar
Faça de conta que todas as distâncias
Aumentaram para a saudade chegar

Faça de conta que carros poluentes
Viraram unicórnios impotentes
E que os prédios decadentes
Se transformaram em vagalumes e duendes

E que as cidades são agora mágicas
Os lagos, cristalinos
Com criaturas lindas e fantásticas
Com enfeites natalinos

Faça de conta que amanhã será melhor
Do que a realidade que foi o dia anterior
Um conto de fadas que eu conheço de cor
Separa um mundo de carinho e outro de dor





Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today
Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace
You may say I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one
Imagine no possessions
I wonder if you can
No need to greed, no hunger
A brotherhood of men
Imagine all the people
Sharing all the world
You may say I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one
(Imagine) John Lennon

Guerra Paradoxal


Cachoeiras de lágrimas
Montanhas de defesa
Ataques de risadas
Numa guerra contra a tristeza

Bombas de flores
Estouro de beijos
Primavera de amores
Escravidão dos desejos

Miséria é prisioneira
Fica oculta em sua prisão
No mar, Amizade é pioneira
O comércio tenta dominá-la em vão

Raios de luz solares
Pulverizam ódio e dor
Na noite, luzes estelares
Anunciam a vitória do amor

Medalhas entregues em abraços
Para os vencedores, numa guerra de paz
Do horror não sobraram pedaços
Nesta guerra que não houve jamais

"Eu quero uma guerra de paz
Na humanidade que se afunda,
Quero o ódio em mil tumbas
Onde se lêem 'Aqui jaz...'

Quero metralhadoras de beijos
E bombas explodindo abraços
Quero bandeiras brancas no espaço
Anunciando a morte dos desejos

É essa... é essa a Santa Guerra
Onde se tomba de amor humanamente
É essa que planejo subversivamente
Aos irmãos que tenho aqui na Terra."
(O Inverso Cantado em Versos)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Liberté


"Sur mes cahiers d'écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable de neige
J'écris ton nom

Sur les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J'écris ton nom

Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J'écris ton nom

Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l'écho de mon enfance
J'écris ton nom

Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J'écris ton nom

Sur tous mes chiffons d'azur
Sur l'étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J'écris ton nom

Sur les champs sur l'horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J'écris ton nom

Sur chaque bouffée d'aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J'écris ton nom

Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l'orage
Sur la pluie épaisse et fade
J'écris ton nom

Sur les formes scintillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J'écris ton nom

Sur les sentiers éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places qui débordent
J'écris ton nom

Sur la lampe qui s'allume
Sur la lampe qui s'éteint
Sur mes maisons réunies
J'écris ton nom

Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur mon lit coquille vide
J'écris ton nom

Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J'écris ton nom

Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J'écris ton nom

Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J'écris ton nom

Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attendries
Bien au-dessus du silence
J'écris ton nom

Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J'écris ton nom

Sur l'absence sans désir
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J'écris ton nom

Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l'espoir sans souvenir
J'écris ton nom

Et par le pouvoir d'un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer"

Paul Eluard

Como Dizer?


Procurei por meio de versos expressar
O que eu sentia quando pensava em você
Nem prosa nem poesia puderam explicar
O que meu coração desesperado queria dizer

Longe das métricas da linguagem
Envergonhando o espírito da literatura
Criei na imaginação uma imagem
Um quadro disforme e sem moldura

Procurei em tantos livros alguma inspiração
Mas de alguma forma ela fugia
Decidida a escrever para ti, em vão
A mais bela e sincera poesia

Acompanhada de uma ingenuidade pueril
E de uma certa presunção
Tentei escrever o que ninguém jamais sentiu
Ou descreveu numa canção

Ah, opróbrio da gramática!
Por que as palavras não podem falar
A poesia aqui fantástica
Que minha alma muda tenta ditar?

Por que não a escutam, os surdos dedos
Que são hábeis para escrever?
Por que, trêmulos, não superam seus medos
E dizem logo que eu amo você?

domingo, 3 de abril de 2011

A Une Passante


"La rue assourdissante autour de moi hurlait.
Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse,
Une femme passa, d'une main fastueuse
Soulevant, balançant le feston et l'ourlet;

Agile et noble, avec sa jambe de statue.
Moi, je buvais, crispé comme un extravagant,
Dans son oeil, ciel livide où germe l'ouragan,
La douceur qui fascine et le plaisir qui tue.

Un éclair... puis la nuit! - Fugitive beauté
Dont le regard m'a fait soudainement renaître,
Ne te verrai-je plus que dans l'éternité?

Ailleurs, bien loin d'ici! trop tard! jamais peut-être!
Car j'ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,
O toi que j'eusse aimée, ô toi qui le savais!"

                                                                                  - Baudelaire

Who Did?


Why did they create love,
If it's so mean?
Who did create the love,
And show it to me?

They had never thought
That there was a consequence
They already forgot
That this pain is too intense

Why did they create love
If it brings with itself
Anxiety, fake Hope n' fake Love?
I think with myself...

To be prepared to love someone
Is to be prepared to suffer
'Cause when this pearson is gone
To live became something much tuffer

But who did create the tears
That fall on the words above?
Who did create those fears?
Of course... This one was the Love